terça-feira, 13 de setembro de 2011

25 anos de Saudade


Este é um Homem que nunca conheci, o que me traz imensa pena, já que todos os tavaredenses falam dele com uma ternura inexplicável. Foi ele quem elevou o nome do Teatro de Tavarede, quem fez de simples camponeses os melhores amadores do país, muitos dos quais que ainda estão vivos e com quem me orgulho de conviver e contracenar.
Tenho imensas razões para pisar o palco da Sociedade de Instrução Tavaredense, sendo o desejo de não deixar morrer o que este Senhor construiu uma delas.
Mestre José da Silva Ribeiro, esteja onde estiver, espero que esteja orgulhoso de nós.


13 de Setembro de 1986 - 13 de Setembro de 2011



No próximo sábado, dia 17 de Setembro, pelas 21h30m, a Sociedade de Instrução Tavaredense realizará um espectáculo de homenagem ao seu grande Mestre, onde actuará o grupo de Teatro da Escola Dr. João de Barros, com a peça "O Segredo da Serra Azul", e também o Coral "Cantigas de Tavarede".

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

                Num passado já algo longínquo, Tavarede foi sede de concelho, ou seja, era a Vila mais importante da Figueira da Foz. Passado um tempo, foi-lhe retirada a Câmara Municipal e, ainda, o título de Vila, passando Tavarede a ser uma Aldeia. Estamos no ano de 1771.
                É em 1904 que nasce, com o objectivo de instruir e educar, a casa que vai unir os camponeses desta humilde aldeia: a Sociedade de Instrução Tavaredense. Ali passou a funcionar uma escola nocturna, uma vez que a maioria da população era analfabeta. Contudo, depois de um cansativo dia de trabalho, não era só para frequentar a escola que cada vez mais pessoas ali se deslocavam para passar os seus serões. Na S.I.T., havia algo e alguém que chamava toda aquela gente: o Teatro, dirigido, a partir de 1915, por José da Silva Ribeiro, a quem ainda hoje se chama de Mestre, por ter feito de simples aldeões, grandes amadores, muitos deles distinguidos como os melhores do país, em concursos de Teatro Amador. José Ribeiro punha em palco dezenas e dezenas de pessoas, desde as crianças aos idosos, representando, com orgulho, peças que ele próprio escrevia e também outras dos mais conceituados dramaturgos nacionais e internacionais. O povo tavaredense estava, nesta altura, todo unido, fazendo da sua aldeia, um poço de cultura e tradição.
                Quem tiver lido isto até aqui, conhecendo a actualidade de Tavarede, pergunta-se, tal como eu o faço, onde estará esta terra, que conheceu tempos tão áureos.
                Hoje, Tavarede é novamente Vila, mas vai-se cada vez mais tornando um dormitório da cidade: as pessoas vivem no anonimato, não se conhecem umas às outras, não se unem, como antigamente, por uma causa, não se preocupam em manter as tradições vivas.
O Teatro, felizmente, ainda existe, mas, se se tentasse repor uma peça escrita pelo Mestre, já não seria possível, pois não há gente suficiente para o fazer. Contudo, as pessoas podiam não representar, mas gostar de assistir às peças, mas não é o que parece: consegue-se encher a casa apenas uma vez, quando outrora se enchia durante semanas e semanas seguidas.
A música era também uma tradição da terra, cultivada pelo Grupo Musical de Instrução Tavaredense, casa que comemorou, este fim-de-semana, o seu centenário, mas que pouca actividade desenvolve.
Com tanta gente que vive aqui, podia, como em muitas outras freguesias do concelho, haver grandes grupos ligados à música, à dança, ao teatro, à etnografia, entre muitas outras actividades possíveis, mas as pessoas não se mostram interessadas em unir-se para trazer de volta tempos áureos a Tavarede.
Já Camões dizia: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.






P.S.: E a minha vontade de escrever, às vezes, também me foge. Desculpem!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Este é o tempo de mudarmos todos de atitude" *

Pela primeira vez em 35 anos, o 25 de Abril não foi comemorado com uma sessão parlamentar. Contudo, as comemorações do 37º aniversário do Dia da Liberdade não deixaram de primar pela qualidade.
Nunca, nesta data, se tinham juntado para discursar o actual e os antigos Presidentes da República eleitos democraticamente, depois de 1974. 
Hoje isto aconteceu. E aconteceu num momento muito oportuno. Aconteceu num momento em que, no nosso país, se vive uma crise não só económica, mas também social e, por isso, os quatro oradores não aproveitaram, como muitas vezes acontece nestas datas festivas, para atacar os dirigentes ou outras personalidades nacionais.
Todos os presidentes, directa ou indirectamente, apelaram à responsabilidade cívica, ou melhor, à falta dela. Incrível como as eleições que mais afluência registaram se realizaram em 1976, quando se escolhia quem se deveria reunir para elaborar a Constituição da República onde se consagraria a liberdade conquistada em Abril.
E por que é que nunca mais umas eleições registaram tão grande percentagem de votantes?
Àquela data, todos se lembravam da repressão que o país vivia deste 1933 e, talvez por isso, sentiram necessidade de mudar o estado das coisas e, assim, as pessoas dirigiram-se às urnas para votarem, pela primeira vez, em liberdade. Contudo, à medida que o tempo foi avançando, que as pessoas foram usando e abusando da liberdade, que novas gerações vieram, as conquistas de Abril foram sendo esquecidas, as pessoas foram-se esquecendo que durante cerca de 40 anos esteve instaurada em Portugal uma ditadura, regime político em que um só homem dita o rumo do país, não permitindo, de todo, a opinião seja de quem for. 
Hoje, a minha geração, aquela que detêm há pouco tempo o poder de voto ou se aproxima de o ter, não sabe o que é não ter liberdade e, a sua maioria, não sabe sequer o que foi o 25 de Abril de 1974, por que é que as Forças Armadas sentiram necessidade de se revoltar.
Para que Portugal possa ser um país melhor, é necessário que todos os cidadãos escolham os seus representantes, aqueles homens e mulheres que podem intervir por eles junto do poder. Espero que, no próximo dia 5 de Junho, a percentagem de abstenção seja muito inferior à das últimas eleições.


*Jorge Sampaio

quinta-feira, 31 de março de 2011

Centenário da "Casa Salgueiro"

Foi a 1 de Abril de 1911 que José Pinto da Pinha e António Antunes Salgueiro se associaram e abriram ao público a "Loja Nova, de Pinha & Salgueiro", na actual Rua 5 de Outubro, nos baixos da Casa do Paço.
Esta casa, que prima pela qualidade e honestidade, detinha um excelente stock de "fazendas de lã, seda, algodão e miudezas" dos mais conceituados fabricantes nacionais, o que a levou ao sucesso e a um crescendo de clientela.
Tempos depois da fundação, José Pinto da Pinha cede a sua quota a António Antunes Salgueiro, que passa então a ser único proprietário da agora "Casa Salgueiro". Contudo, este vem a falecer em 1965, ficando a comandar os destinos do estabelecimento sua esposa, Aurora Salgueiro, que, a 1 de Abril desse mesmo ano cede o seu papel a dois irmãos tavaredenses, seus empregados: Raúl da Silva Cordeiro e José da Silva Cordeiro Júnior, que ali honraram a sua missão até à data de seu falecimento, em 2007 e 2010, respectivamente.
Agora são as suas herdeiras quem está à frente desta casa, Maria Otília Medina Cordeiro e Palmira Mendes Cordeiro, esposas dos anteriores proprietários, e suas filhas, Otília Maria Medina Cordeiro e Cristina Mendes Cordeiro, não esquecendo também a dedicação da funcionária Sílvia Silva.

Da esquerda para a direita: Sílvia Silva, Raúl Cordeiro, Otília Cordeiro e José Cordeiro

Cumprindo o desejo de José e Raúl Cordeiro, amanhã, 1 de Abril de 2011,será festejado o centenário da "Casa Salgueiro" como forma de agradecimento a todos os clientes, amigos e fornecedores, mas também como homenagem àqueles dois, que dedicaram mais de meio século da sua vida a honrar o lema da casa: "Servir com qualidade e honestidade".

 Ao festejar esta data tão marcante, sou eu quem agradece, principalmente à Lita e à Sílvia, pela amizade que me têm e pelos maravilhosos momentos que temos passado juntas na "Casa Salgueiro".






P.S.: Aos meus leitores, peço desculpa pelas minhas longas ausências.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mais um ano,  mais um aniversário!
No próximo dia 15 de Janeiro, a Sociedade de Instrução Tavaredense completará 107 anos de existência e, para os comemorar será levada a cena a "Farsa de Inês Pereira". A estreia será no próprio dia de aniversário, pelas 21h45m, havendo também representações nos dias 22 e 29 do corrente mês, à mesma hora.
A Sessão Solene realizar-se-á no dia 16 de Janeiro, antecedida pela actuação dos grupos de dança "Dance4U" e "Groovy Teens" e do grupo coral "Cantigas de Tavarede", tudo prata da casa.
Aproveito, desde já, para, antecipadamente dizer: Parabéns SIT!!
             

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Até sempre

Não o conhecia há muito tempo, mas ganhei-lhe bastante apego, tanto a ele, como à sua família, especialmente à filha.
Fui várias vezes a sua casa, muitas mais à sua loja, e era sempre por ele bem recebida, tanto num lugar, como noutro. Quando eu chegava, abria o seu sorriso e dizia: "Chegou a Primavera!".
Pois bem, o pouco tempo que convivi com ele chega perfeitamente para o guardar para sempre na memória e no coração.
Até sempre, sr. José Cordeiro. Descanse em paz!